Partimos em dire??o a Eldria. A viagem demoraria cerca de cinco dias. Mesmo sendo uma longa jornada, n?o haveria paradas. A carruagem era grande e possuía dois sofás acolchoados, além de estar sob uma magia de vento conjurada pela guarda do meu av?, Lyra Everhart. Lyra vestia uma roupa preta que combinava com seu cabelo curto.

  Ela mantinha uma postura calma e serena. Com o treino de percep??o de mana que tive com meu pai, evoluí para um núcleo secundário. Com isso, já tinha uma percep??o básica de mana e percebi que Lyra possuía um núcleo quaternário.

  A viagem come?ou de forma tranquila e silenciosa. Após algumas horas, ouvi a voz de Lyra pela primeira vez.

  "Você parece ter passado por um treinamento difícil."

  N?o entendi o motivo da fala dela, mas decidi tentar conversar.

  "Treino desde os meus cinco anos. N?o acho que foi difícil chegar até aqui."

  "N?o é comum. A maioria das crian?as n?o suportaria o treinamento de um Lancaster. Tenho bons olhos, sei que você já tem a for?a de um. Sua habilidade de esgrima pode ser comparada até mesmo a minha."

  Lyra ficou em silêncio por um momento antes de falar novamente.

  "Assim que chegarmos, Edmund irá testá-lo. é provável que ele queira intimidá-lo, mas n?o se preocupe com ele."

  N?o entendi imediatamente o que ela quis dizer, mas é melhor me preparar para qualquer personalidade peculiar que meu av? possa ter.

  A viagem estava seguindo de forma tranquila. Os cocheiros se revezavam para manter a jornada constante, e a magia de Lyra mantinha o interior da carruagem estável, a ponto de ser imperceptível que estávamos em movimento.

  “Lyra, como você passou a dominar o vento?” Pronunciei, em uma tentativa de quebrar o confortável silêncio que havia se estabelecido entre nós.

  Lyra, que estava sentada no sofá oposto a mim, sorriu levemente. “Comecei a treinar quando era bem jovem, assim como você. Meu pai também é um manipulador do vento, ent?o já sou familiarizada com o elemento há muito tempo. A liberdade que ele proporciona me encantou desde cedo.”

  Inclinei-me um pouco para a frente, interessado. “Pode me mostrar como funciona?”

  “Claro.” Lyra respondeu, erguendo uma m?o. Uma leve brisa come?ou a circular na carruagem, mexendo suavemente o meu cabelo. “Manipular o vento é como dan?ar com a natureza. Requer concentra??o e uma conex?o profunda com a mana ao seu redor. Por que n?o tenta?”

  Fechei os olhos, tentando me concentrar. Pude sentir a mana pulsando em meu corpo, senti à vontade incontrolável de se libertar que ela possuía. Tentei manipular a umidade ao meu redor, mas só consegui criar uma pequena gota de água, que sumiu t?o rápido quanto a minha mana.

  “N?o se preocupe, leva tempo.” Lyra encorajou. “Continue praticando, você já mostrou muita habilidade para alguém da sua idade.”

  N?o fiquei triste, pelo contrário, fiquei ainda mais motivado. “Obrigado, irei continuar tentando.”

  Lyra assentiu. “Você tem um grande potencial. Deve conseguir rapidamente caso se dedique.”

  A conversa continuou. Ouvi diversas histórias sobre as experiências e aventuras de Lyra, absorvendo cada palavra e melhorando ainda mais o meu controle de mana.

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  Os cinco dias se passaram e finalmente chegamos à residência dos Lancaster. Eu e Lyra saímos da carruagem e passamos pelo port?o da propriedade.

  A casa dos Lancaster é uma impressionante mans?o localizada em um dos melhores lugares do país. Este majestoso edifício é um reflexo da nobreza e for?a que caracterizam a família Lancaster, conhecida por sua habilidade em combate e por serem os melhores fortificadores do país. A casa é feita de pedra branca com detalhes em relevo, cercada por vastos jardins e fontes. Seu interior é grandioso, com grandes sal?es amplos e candelabros de cristal carmesim. Destaques incluem: uma sala de treinamento bem equipada, uma rica biblioteca, áreas de convivência luxuosas, uma sala de jantar com uma longa mesa de mogno e quartéis para os guardas.

  Fui conduzido à sala onde meu av? estava. Lyra me acompanhou até a porta e, de lá, se retirou. Entrei sozinho na sala, que era relativamente pequena em compara??o à casa, sem muitos detalhes e relativamente simples.

  Vi meu av? sentado em um sofá e me dirigi a ele. Chegando perto, curvei-me, inclinando cerca de 45 graus, e disse: “Sauda??es, vov? Edmund. é uma honra poder conhecê-lo. Prometo fazer jus ao nosso nome e aprender tudo o que puder sob sua orienta??o.”

  Edmund se levantou do sofá e me encarou, como se estivesse em outro mundo. “Vejo que seus pais te ensinaram bem. Os jovens de hoje em dia n?o respeitam essa tradi??o.” Disse Edmund, como se estivesse orgulhoso. “Mas n?o é isso que vai me fazer te aceitar.” Edmund come?ou a falar com um tom mais sério.

  De repente, uma enorme aura surgiu dentro da sala. A mana come?ou a se agitar e a tremer, e de repente tudo foi tomado por uma aura azul oceano. Meu corpo tendia a cair, senti minha vis?o emba?ada, minha mana come?ou a se esvair e eu comecei a perder a consciência.

  Com o corpo indo em dire??o ao ch?o, utilizei o que restava das minhas for?as para n?o cair e consegui me ajoelhar sobre um joelho.

  Se passaram cerca de cinco segundos, mas para mim foi como se fossem cinco minutos. Prestes a perder a consciência, a mana desapareceu e a mana atmosférica voltou rapidamente à sala.

  “Vejo que possui uma for?a mental tremenda, digno de um Lancaster. Mesmo suprimindo minha for?a, qualquer um com um núcleo de nível inferior ao terciário teria desmaiado.” A afirma??o de Edmund me fez perceber o qu?o realmente forte ele era. Nem mesmo meu pai conseguiria criar essa aura, mas ele fez isso suprimindo o próprio poder.

  “Você possui uma mente forte, mas n?o é só isso que comp?e o nome Lancaster. Siga-me.” Disse Edmund, saindo da sala.

  Edmund saiu da sala, e eu o segui, mantendo uma distancia respeitosa. Chegamos a um sal?o grande, uma das várias salas de treinamento da casa, conforme me explicou Lyra. O espa?o, embora vazio, era amplamente equipado para suportar treinos intensos com suas paredes refor?adas e simples, sem decora??o adicional.

  Além de Edmund e de mim, havia apenas uma jovem garota, aparentando cerca de doze anos, concentrada em seu treinamento. Sua determina??o era evidente, mas ela n?o parecia notar nossa presen?a.

  “Olá, Beatrice. Este é Hoshigaki, meu neto.” Edmund me apresentou, e eu cumprimentei Beatrice com um aceno.

  “Trouxe-o aqui para avaliar se ele está realmente apto a usar o sobrenome Lancaster. N?o posso garantir a seguran?a dele caso lute comigo, ent?o gostaria que ele lutasse contra você.” Edmund explicou a Beatrice, que acenou com aprova??o. Em seguida, nos dirigimos ao centro da sala.

  No meio do sal?o, Edmund me entregou uma lan?a de madeira.

  "Este combate será sem o uso de mana. Apenas suas habilidades físicas e mentais devem ser usadas. Qualquer uso de mana resultará em desqualifica??o," instruiu Edmund. "Hoshigaki, Beatrice já demonstrou ser uma verdadeira Lancaster. N?o é necessário vencê-la, mas você deve mostrar toda a sua aptid?o e conhecimento."

  "Prontos? Comecem!" Edmund deu início à luta.

  Beatrice avan?ou rapidamente em minha dire??o. Sua inten??o parecia ser um ataque ao meu tórax, mas sua técnica era sutil e difícil de prever. Ao perceber o movimento, usei o cabo da minha lan?a para desviar o ataque para a esquerda e tentei um chute lateral no seu joelho. Beatrice retirou a perna a tempo, mas aproveitou o impulso para direcionar a lan?a ao meu pesco?o.

  Defendi-me novamente com o cabo da lan?a, mas Beatrice, antecipando minha defesa, largou a lan?a e tentou um soco direto no meu rosto. Para bloquear o soco, coloquei meus bra?os na frente, mas, inesperadamente, Beatrice acertou um chute preciso no meu joelho. A dor fez meu corpo cambalear momentaneamente, mas consegui me manter em pé.

  Antes que as lan?as caíssem ao ch?o, Beatrice agarrou uma delas e avan?ou para uma estocada na minha cabe?a. Recuperei o equilíbrio a tempo e esquivei do ataque, encontrando uma abertura para desferir um soco em seu abd?men. O golpe, embora doloroso, n?o foi suficiente para derrubá-la.

  Com Beatrice desequilibrada, ela largou a lan?a, e eu aproveitei para dar um chute na sua perna de apoio. Beatrice estava prestes a cair, mas conseguiu usar a outra perna para se afastar e manter o equilíbrio.

  "Parem. A luta acabou." A voz de Edmund ecoou pela sala, anunciando o fim do combate.

  Edmund observou a luta com um olhar crítico, e Beatrice, embora ofegante, levantou a cabe?a e me lan?ou um olhar de respeito. Eu, ainda recuperando o f?lego, me aproximei de Edmund.

  “Você mostrou uma boa habilidade e adaptabilidade.” Edmund comentou, sua voz carregada de aprova??o. “Beatrice, boa performance. Ambos demonstraram grande técnica e estratégia. Continuem assim, e ambos poder?o alcan?ar altos níveis em suas habilidades.”

  Com um aceno, Edmund se afastou, e Beatrice, sorrindo levemente, estendeu a m?o para me cumprimentar. “Você lutou bem. N?o é fácil enfrentar um Lancaster.”

  “Obrigado. Foi um ótimo desafio.” Respondi, apertando a m?o dela com firmeza.

  O treinamento havia terminado, e a sensa??o de ter superado um desafio e o respeito mútuo conquistado foram vitais para o crescimento de ambos.

  Após o término da luta, Beatrice se afastou e voltou a treinar com uma intensidade menor em compara??o ao momento em que chegamos.

  “A partir de hoje, serei eu o responsável pelo seu treinamento. Posso n?o ter muito conhecimento sobre magia, mas possuo alguns truques,” anunciou Edmund.

  Com isso, ele me passou uma série de exercícios que realizei nos dias seguintes. Edmund raramente estava presente, pois, como líder da família, tinha muitos compromissos. Aproveitei também para ler alguns livros que encontrei na biblioteca, o que me proporcionou insights valiosos sobre a magia, suas aplica??es e como ela pode ser manipulada e criada.

  Passei vários meses me dedicando intensamente aos treinamentos e aos estudos antes do início das aulas. Cada dia trouxe novos desafios e aprendizados, e eu sentia que estava evoluindo n?o apenas como praticante de combate, mas também como mago em potencial.